28 de abril de 2025

Como o agro brasileiro pode aumentar vendas para China com retaliação de Pequim aos EUA

Agronegócio 05/04/2025 07:23

Produtos brasileiros podem ocupar o espaço dos americanos nos setores onde os dois países são concorrentes: carnes, soja e milho.

A retaliação da China ao tarifaço dos Estados Unidos pode ser uma oportunidade para o Brasil aumentar suas vendas para o país asiático, segundo especialistas ouvidos pelo g1.

Trump impôs uma taxa de 34% para produtos do país asiático que forem importados pelos EUA. Ao decidir adotar a mesma tarifa contra produtos americanos, a China pode torná-los menos atraentes para os compradores.

Nesse contexto, o agronegócio brasileiro pode ocupar o espaço dos EUA nos setores onde os dois países são concorrentes no mercado chinês: carnes, soja e milho.

Os EUA já tinham perdido terreno para o Brasil na venda de soja para a China em 2018 e 2019, durante o primeiro mandato de Trump, quando o país asiático também foi taxado.

Carne de porco deve ganhar mercado

No setor de carnes, a grande beneficiada será a de porco, diz o analista da consultoria Safras & Mercado Fernando Henrique Iglesias. “Vamos ter que revisar para cima nossa projeção de exportação para a China”, afirma.

Quanto à carne bovina, ainda há dúvidas sobre um aumento significativo das vendas do Brasil.

O motivo é a investigação sobre os efeitos das importações dessa carne, aberta pelo governo chinês em dezembro de 2024. Ela abrange todos os fornecedores do produto para a China, não só o Brasil.

“Nesta semana, eles [a China] prometeram ser justos na investigação. Mas eles podem acabar impondo tarifas maiores para a carne bovina, mais para o final do ano, se chegarem ao entendimento de que essa carne importada de fato prejudica a produção local”, diz Iglesias.

 

“Mas eles precisam colocar na balança qual é o peso que isso vai ter em relação à segurança alimentar da população chinesa. Então, não é uma decisão fácil. Lembrando que a China sempre preza muito por questões que envolvem segurança alimentar”, acrescenta.

Essa investigação da China pode resultar em tarifas adicionais sobre a carne bovina, mas não deve impedir as importações, acredita Marcos Jank, professor de agronegócio do Insper.

 “Nos últimos anos, a classe média alta chinesa começou a se interessar pela carne bovina e a importação de carnes, principalmente do Brasil, cresceu. Duvido que eles fechem o mercado, porque vão precisar dessa carne”, diz.

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